HEMORRAGIA PULMONAR INDUZIDA POR EXERCÍCIO por Dr Felipe Jardim Siqueira. (SIQUEIRA MEDICINA EQUINA)
A hemorragia pulmonar induzida por esforço (H.P.I.E.),se define por presença de sangue livre em tubo traqueal e brônquios. Sangue este que é proveniente dos capilares alveolares após exercício forçado. .
Este evento é hoje em dia considerado pela comunidade médica veterinária como uma síndrome que acomete atletas equinos no mundo todo. Esta patologia é mais comum na raça puro sangue de corrida, no entanto, pode estar presente em todas as raças submetidas ao esporte equestre. É de suma importância o seu diagnóstico já que traz grandes baixas de performance e consequentemente importantes perdas econômicas a indústria do cavalo atleta.
O exame clínico, broncoscopia (endoscopia) e o lavado bronco alveolar, formam a tríade para o diagnóstico para esta condição. A hipiatria classifica perante ao exame endoscópico diferentes graus de hemorragia. Muitos treinadores só dão importância ao grau máximo, ou seja, aquele cavalo que exterioriza o sangrado (epistaxe). Porém temos que ter consciência que os graus ocultos também são causadores de grandes baixas de performance, e por isto a endoscopia é tão importante.
A hemorragia pulmonar induzida por esforço apresenta inúmeros fatores indutores bem conhecidos pela medicina esportiva equina, porém, apesar de ter sido descrita no ano de 1968 pela primeira vez, sua plena causa ainda é investigada pela comunidade científica. Os fatores indutores mais comuns no nosso dia-a-dia são, o excesso de exercício sem condições para tal, excesso de peso, programa alimentar incorreto, condições baixas de higiene nas baias, camas impróprias para o bem-estar animal, medicação não orientada por profissional capacitado, alterações bioquímicas de níveis musculares e enfermidades respiratórias de ordem em geral.
Escuto já a anos a seguinte frase, “ Sangrou? Procura, pois deve apresentar alguma dor!”, e no meu dia a dia tenho comprovado a experiência de meu pai. Os sangradores tem um alto percentual de patologias locomotoras promotoras de dor. Logo, classifico a dor como um dos principais fatores que desencadeiam este processo, já que sua etiopatogenia consiste em uma ruptura dos capilares pulmonares durante o exercício associado a hipertensão vascular que, somada ao aumento da pressão negativa intra-pleural, produz o sangramento.
Quanto ao manejo terapêutico e medicações preventivas, devemos levar em conta sempre a saúde pulmonar, e para tal, necessitamos de um eficiente programa de vacinação, assim como de vermifugação, remoção do pó da alimentação (usar pellets), não oferecer pasto de forma suspensa (e sim oferecer no piso), e oferecer baias ventiladas diminuindo assim a quantidade de alérgenos. No que diz respeito a utilização de drogas propriamente ditas, a furosemida é a droga de eleição e a lubrificação das vias aéreas com inalação parece trazer grandes benefícios. Muitas outras drogas são utilizadas, e muitas delas de forma puramente empírica como é o caso da vitamina c, vitamina k, flavonoides, hormônios, hemostáticos (ácido aminocaproico e ácido tranexâmico) que em muitos relatos profissionais apresentam bom resultados.
A indústria farmacêutica segue de forma incessante buscando novidades no auxílio do cavalo sangrador. Casualmente estamos participando de teste com um novo produto, que será lançado em breve no mercado por parte de uma indústria reconhecida por todos. Nós, da SIQUEIRA – Medicina Equina, indicamos aos nossos clientes que a busca pelo diagnóstico precoce é a chave para a instalação, juntamente com os senhores treinadores, de um programa especial de treinamento, manejo preventivo e tratamento para esta patologia tão presente em nosso cotidiano.